Na revista Arqueologia, a historiadora e arqueóloga. Dra. Maria de Fátima Coelho e Sousa, num trabalho intitulado: Estações e Monumentos no Monte de S. Bento das Peras, publicou vários ensaios, dando a conhecer os vestígios arqueológicos que encontrara no Monte de S. Bento, aquando diversas visitas de trabalho e estudo, referindo nomeadamente: um monumento megalítico, abrigos sob rocha, arado neolítico e punhal metálico.
Um monumento megalítico, como o seu nome indica, é um monumento pré-histórico, construído com enormes pedras. Segundo pensamos saber, trata-se de um dólmen, do vocabulário bretão, que significa mesa de pedra. Estes monumentos, eram geralmente constituídos por grandes pedras em prumo, de número variável, sobre os quais assentava uma pedra maior, a mesa. O conjunto dos esteios delimita um espaço, a câmara, O dólmen tem também a designação popular de anta e quando coberto de terra, formando um montículo, toma a designação de mamoa. Os dólmens serviam geralmente de sepulturas.
Vejamos agora a descrição do dólmen do Monte de São Bento, na linguagem rigorosa e técnica da investigadora "Mamoa elíptica com o diâmetro maior de 12 metros e 40 centímetros no sentido oeste-noroeste leste sudeste e o diâmetro menor de 10 metros e 20 centímetros. Na parte central, fica o dólmen ou cista megalítica, constituída por uma câmara rectangular delimitada pêlos seguintes elementos; a oeste-noroeste, um esteio, peça única, de granito local, porfiróide, trapezoidal, (com 1 metro e trinta de base, 1 e 20 de altura e 18 centímetros em média de espessura), ambos in situ; a sul-sudoeste, parede com dois blocos desiguais do mesmo granito, ambos in situ, medindo o maior dois metros e 25 de base por i e 10 de altura e cerca de 20 centímetros de espessura e o menor com base de 50 centímetros, altura de 1 metro; e espessura média de 13 centímetros; do lado nor-nordeste há duas lajes do mesmo material lítico, tombadas, medindo uma 1,70 por 0,20 m, e achando-se a outra semienterrada: o lado que falta, ao oposto indicado primeiramente, não apresenta estruturas líticas, sem dúvida que foram daí retiradas; terra saibrosa.
A câmara é rectangular com cerca de dois metros e oitenta de comprimento por 1 e 3o de largura. Não há sinais de corredor, nem vestígios de gravuras ou pinturas ou de outras particularidades dignas de nota. Consta que a mesa foi retirada, há muitos anos, para dela se fazer uma lareira na casa de uma quinta.
A mamoa esta levemente desenhada no terreno por um tumultus de cerca de 6o centímetros de altura máxima; assim se infere que a estrutura lítica foi propositadamente assente em fosso aberto para o efeito, Uma escavação científica e completa poderá confirmar esta inferência e trazer revelações, visto que a mamoa está quase intacta e, na câmara, ainda subsistem estratos selados". Quanto aos abrigos e labirintos naturais sob rocha, a citada investigadora afirma que a constituição geológica do Monte permite o seu aparecimento.
Pelo que diz respeito ao arado neolítico (?) é um objecto de pedra polida, em granito de grão fino, diferente do que se encontra nas rochas do Monte e com polimento não explicável por factores naturais. O punhal é um instrumento metálico, de cobre, que se descobriu com a construção da Capela Nova e apresenta características que fazem dele um objecto invulgar, por não se encontrarem similares completos, mas apenas aproximações e datará possivelmente de uma fase antiga da Idade do Bronze.
Com as obras, ainda em curso, será de todo interesse que a Cista Megalítica, seja estudada e protegida, por estudiosos, preservando o único achado arqueológico que ainda se encontra visível.
In. "das Margens do Vizela – Memórias", Dra. Maria José Pacheco (Adaptação Livre)